Lourival Júnior é conhecido no Piauí e aparece no esquema de fraude como lobista
O jornal O Estado de S. Paulo publicou desta quinta-feira(15) trás mais informações sobre a operação Águas Claras da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo que investiga empresas acusadas de fraudar licitações contratadas por autarquias e companhias de água estatais, dentre elas a Agespisa (Águas e Esgoto do Piauí S/A). O empresário piauiense Lourival Ferreira Nery Junior é apontado como lobista da empresa Allsan Engenharia, que a Polícia e o Ministério Público colocam no topo do esquema de fraudes.
Lourival Ferreira Nery Junior é diretor financeiro da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), vinculada ao Ministério das Cidades. Relatório de inteligência informa que Nery ocupa cargo público de confiança, "indicação do senador da Republica pelo Estado do Piauí, Ciro Nogueira (PP)", e faz lobby para a empresa Allsan Engenharia.
A Allsan é apontada como líder de um poderoso cartel para fraudar licitações de empresas contratadas por autarquias e companhias de água estatais, inclusive a Agespisa (Águas e Esgoto do Piauí S/A), cujo presidente é Raimundo Neto, irmão do senador.
Foto:divulgação
A investigação, realizada em conjunto pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de São Paulo, revela que Nery estaria recebendo o equivalente a 14% do faturamento mensal da Allsan pelo contrato com a Agespisa, firmado em "caráter emergencial" em dezembro de 2011, prorrogado por mais 180 dias em junho de 2012.
Nery caiu no grampo da Águas Claras em negociações intensas com o empresário Reynaldo Costa Filho - sócio proprietário da Allsan -, que foi capturado segunda-feira por ordem judicial. Em um diálogo, a 29 de agosto, Costa Filho queixa-se a Nery que estaria sendo "ameaçado" por José Roberto Nunes Leão, ligado à Agespisa.
Leão seria o encarregado de passar informações sigilosas à Allsan e a Nery "referentes a licitações e ao jurídico da companhia, recebendo vantagem financeira para tanto". Quando seu celular tocou naquele dia, às 14h12, Nery disse ao empresário que estava entrando no prédio do Ministério das Cidades, em Brasília.
"Você entendeu o que eu te falei?", pergunta Costa Filho. A resposta de Nery. "É o seguinte, eu tô entrando aqui, no, Ministério das Cidades, na garagem, eu vou subir, lá de cima eu te ligo."
O empresário demonstra temor com a conduta de Leão e insiste com Nery. "Me liga urgente aqui, cara. Que o cara tá querendo setenta e cinco pau! Vai pro advogado, o cara tá loco! Tá ameaçando."
Os grampos mostram que Nery tem poderes sobre Leão e empenha-se em tranquilizar o empresário. "Ele (Leão) tem funções, ele tem tudo dado por mim. Como ele vai tomar atitude errada, ele não é louco!"
O relatório de inteligência descreve Nery como "empresário da capital piauiense e pessoa diretamente ligada à política local" que "concorreu às eleições de 2004 para prefeito e, em 2006, como suplente de senador. Utiliza-se de linha telefônica móvel que está registrada em nome da empresa Lourival Nery e Cia Ltda., com sede em Teresina."
O documento acentua que Nery foi "flagrado incontáveis vezes mantendo dialogo telefônico com Reynaldo Costa Filho, as quais claramente indicam a sua influência e interferência direta junto à presidência da Agespisa, aos advogados da companhia responsáveis pelo procedimento licitatório e com os demais agentes públicos que lhe repassam informações sigilosas".
Outro trecho do relatório destaca. "Nery ocupa o cargo de diretor de Finanças da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), sediada no Rio de Janeiro. Trata-se de cargo público de confiança, indicação do senador da República pelo Estado do Piauí, Ciro Nogueira, o qual é irmão de Raimundo Neto, presidente da Agespisa. Nery recebe da Allsan Engenharia a porcentagem de 14% sobre o faturamento mensal da empresa referente a prestação dos serviços e, ao que tudo indica, repassa parte dos valores a terceiros. Nada passa na negociação sem o conhecimento de Nery."
"O recebimento desse numerário é legitimado com a emissão de notas fiscais de serviços à empresa Allsan e posterior pagamento através de instituições financeiras", afirma o relatório.
Fonte: Estadão
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