O difícil caminho da Educação Infantil à Universidade Federal do Delta!(*)
Parnaíba cada vez mais vem se firmando no seleto grupo de cidades ditas “universitárias”. Uma vertente que, indubitavelmente, contribui para a formação intelectual e crítica da sociedade. Nesta semana celebramos com orgulho atransformação do Campus Ministro Reis Veloso da Universidade Federal do Piauí (CMRV/UFPI) em Universidade Federal do Delta (UFD). Ato conduzido pela presidente Dilma Rousseff ocorrido no dia 09 de maio no Palácio do Planalto.
De parabéns está a Parnaíba! A UFD poderá ser o motor para se ampliar os horizontes e oportunidades até então despercebidas neste fantástico território. Muitos contribuíram para este feito, lembrando aqui dos ex-senadores: Alberto Silva e Mão Santa. Igualmente, merecedora de destaque foi a atuação parlamentar do deputado federal Paes Landim na consecução do projeto. E, com justiça, especialmente, destaca-se a equipe administrativa e o quadro de professores do CMRV que tem à frente o jovem e dinâmico Professor Alex Marinho. Só eles sabem o que trilharam até aqui e dos desafios vindouros!
O governo federal está fazendo a sua parte: ampliou os cursos oferecidos, investe em contratação de professores e na infraestrutura do Campus. Porém para se chegar à Universidade tem que se ter uma base intelectual. Como anda nossa educação que prepara este caminho? Como o estado e o município estão nessa obrigação constitucional? Quem está chegando à universidade? Quantos ficam pelo caminho? Quem sai e qual a qualidade da formação? São perguntas que nos jogam na pouca e desvirtuada discussão da qualidade do ensino público oferecido em Parnaíba.
A atividade educativa acontece nas mais variadas esferas da vida social. A relação educação-sociedade é uma relação histórica e dinâmica que vêm sendo construída com a história da própria cidade, a prática educativa é, portanto parte integrante das relações sociais. Estaria a educação escolar sendo desenvolvida com o fim precípuo de transformar as pessoas? Ou em sendo resultado de uma longa evolução na forma de organização do poder local, ela traz em si a ideia de institucionalização desse poder? Não trago a pretensão de discutir o modelo ou a prática de nossa educação, apenas realço a ideia do poder que tem enquanto processo capaz de emancipar o indivíduo, atuando em seu favor.
Um dado de uma pesquisa nacional revela que apenas 20% dos nossos jovens concluem o ensino médio. Isto é um desastre com danos irreparáveis. É como se construíssem 100 casas e mantivessem 80 delas absolutamente fechadas, mesmo com famílias precisando de moradia.
Estamos avançando no ensino superior sem dar a mesma atenção à educação infantil e ao ensino fundamental. Esta é a base. E, é sabido que não se constrói uma casa pelo teto. Se não tiver um bom alicerce a estrutura não suporta.Se de um lado, estamos nos transformando em uma cidade universitária por graça e obra dos investimentos federais, estadual e privados, por outro, devemos cuidar da qualidade do ensino infantil, fundamental e médio oferecido às nossas crianças e jovens.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB no artigo 29 dispõe que a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Dessa maneira, é dever do Estado assegurar às crianças de zero e seis anos de idade o atendimento em creche e pré-escola segundo dispõe o artigo 30.
Quando o governo federal lançou o slogan “Brasil Pátria Educadora” se esperava uma melhoria do ensino, mas não passou de uma retórica discursiva na agenda oficial. O que era para se tornar uma política pública de excelência ficou para traz. Os governos estadual e municipal ficaram esperando o “dinheiro” para transformar a educação. Nenhuma iniciativa concreta se deu nessas esferas para o enfrentamento do desafio que é efetivação de uma escola de qualidade, mesmo sabendo da complexidade que é.
O PT discursa que colocou o filho do pobre na universidade, é um fato. Mas como? Criando cotas e dando bolsas de estudo. Um negro ou pobre deve ingressar na universidade por seus méritos, a partir de uma democrática oferta de ensino com a qualidade que lhe permita ter as mesmas condições de concorrer com o branco ou rico. As pessoas querem é dignidade, respeito e não serem tratadas como “coitadinhos”. Mas, sob o discurso hipócrita da “justiça social” se apropriaram de um programa que esconde a realidade brasileira: a falta de qualidade da educação. Quando isso falta, volta o problema. Como no caso dos cortes no Fundo de Financiamento Estudantil – FIES se vê o drama. Estudantes que não podem pagar a faculdade estão trancando e perdendo seus cursos. Os governos esqueceram de dar educação de qualidade para todos. Uma educação infantil e de ensino fundamental levada à sério é o que transforma, dá a oportunidade a todos.
“... Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem ‘águias’ e não apenas ‘galinhas’. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda” (Paulo Freire)
(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.
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