Foto Ag. Senado
A senadora Regina Sousa (PT-PI) discursou nesta segunda-feira (11/4), no Plenário do Senado, sobre a misoginia, a intimidação e o machismo que os favoráveis ao golpe têm imposto às mulheres que estão na política, principalmente à presidenta Dilma Roussef.
“Ainda existe muito machismo presente no nosso cotidiano. Eu quero falar de como a imprensa tem tratado a Presidenta Dilma. Precisamos, como mulheres, prestar atenção a isso, porque não é só ela. Já faz tempo que nós mulheres com mandato enfrentamos diuturnamente a chamada misoginia, que é o ódio às mulheres, é mostrar as mulheres como incapazes. Ela aparece em apartes, em conversas, em brincadeiras. A grande maioria masculina se utiliza disso e, às vezes, mulheres também”, disse Regina Sousa.
Para a senadora, os ataques machistas e misóginos feitos pela revista IstoÉ, contra a presidente Dilma, são criminosos. “O que a IstoÉ fez com a Presidenta na semana passada, na sua edição passada, é crime, mas houve a intenção de passar a mulher – não a Presidenta Dilma, mas a mulher – como desequilibrada, como nervosa, como destemperada”.
Regina Sousa lembrou que jornalistas, coletivos e grupos feministas imediatamente saíram em defesa da Presidenta, criticando a revista por reforçar esteriótipos machistas nos quais as mulheres são descontroladas emocionalmente e, por isso, inadequadas ao exercício do poder. Segundo a senadora piauiense, temos de ter orgulho de ter uma presidente mulher, “de termos chegado à Presidência da República. E precisamos ficar atentos”.
“É o que eu falei: mulher tem TPM, sim; tem menopausa, sim, mas é inerente à nossa situação. Não é por isso que temos de ser desrespeitadas, consideradas incapazes. Eu acho que precisamos, junto com todo esse debate do impeachment/golpe, estar debatendo também esse assunto, porque ele está subjacente. Passou qualquer coisa de sim ou de não, essas coisas vão valer, porque já estão introjetadas nos corações e mentes das pessoas que leem essa revista, que veem essas reportagens do mau jornalismo”, concluiu a senadora.
Regina Sousa disse ainda que os vazamentos seletivos só atingem o governo e que denúncias envolvendo integrantes de partidos da oposição, que não têm recebido o mesmo destaque da mídia, devem ser investigados. “Devemos prestar atenção aos vazamentos seletivos, porque eles voltaram. Ninguém deu importância ao Panama Papers, que tem um escândalo muito grande, mas, como diz a história, não deu Ibope. Ninguém divulgou, ninguém massificou. Assim como também a lista da Odebrecht, que tem gregos e troianos e que não foi à frente porque não tinha os nomes que interessavam, certamente. E agora essa da Andrade Gutierrez, que também foi vazada seletivamente. Só se falou da eleição da Dilma. Por que não das outras eleições, se a empresa ajudou a quase todos candidatos e candidatas?”
A senadora lembrou que como o debate ganhou corpo, e a sociedade começa a se posicionar contra o golpe, algumas entidades estão querendo proibir o debate. “Essa queda no índice dos favoráveis tem a ver com o debate, porque é o lado que debate. Vemos advogados, jornalistas, professores, todo mundo promovendo debates, e isso vai mudando a opinião das pessoas. Os que defendem o Impeachment não debatem. Eles vão para as passeatas, mas não promovem o debate”, destacou.
Foto: Agência Senado - Ascom
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