ARTIGO*
Após ultrapassar uma centena de artigos publicados nos últimos três anos sobre questões que vão da manifestação contra a injustiça cometida ao honrado Luis Carlos Ewerton de Farias, o cruel assassinato do jovem Mailson Kelvin, passando por questões ambientais e pelos desmandos administrativos do poder público municipal fui duramente criticado.
Não fosse a forma, receberia a crítica com a tranquilidade que sempre me foi peculiar. As “críticas” desferidas foram manifestamente carregadas de dúvidas quanto à sua legitimidade. Assentadas na ideia de que fui rasteiro e pejorativo. Aceitando e seguindo nesta perspectiva, igualmente violaram a boa prática do livre exercício da manifestação, sendo os criticadores agressivos e segregacionistas.
Registrar o pensamento sobre um modelo de gestão que se afunda na prática politiqueira não pode ser manifesto de “inveja” ou “caso mal resolvido”. Acaso estejam satisfeitos com o modelo administrativo e/ou por alguma razão não possam manifestar-se livremente, não podem eles “criticar” quem quer que seja ainda mais quando identificadamente faço meus artigos, sobremaneira, com fundamentação.
Você tem filhos na escola municipal? Você já foi para uma fila de um posto de saúde? Para citar dois serviços públicos essenciais que não funcionam a contento..., exemplos do que tenho criticado!
O problema é que a maioria das pessoas está pensando em resolver somente os seus problemas. Poucos se manifestam quando a questão é coletiva. Só saem às ruas quando pisam em seus calos... Só gritam quando estão sob ameaça. Muitos vivem num casulo, apenas em função dos seus interesses.
É sobre esta cômoda situação de conforto que faço minha reflexão, trazendo elementos constitutivos de um estilo de vida que absorvemos inconscientemente.
Um orçamento anual de R$ 350 milhões e quase nenhuma política pública funcionando a contento me incomoda. Se não os toca não ignoro, pois cada um é movido pelos seus interesses e paixões. Assumo como sempre fiz em minha vida, as minhas posições. O que registro são posições pessoais. A realidade da população mais carente, obrigada a enfrentar filas nos postos de saúde contrasta com a farra de nomeações graciosas existentes na Prefeitura Municipal de Parnaíba, para citar um exemplo de injustiça!
Forasteiro que sou orgulho-me da cidade que escolhi para morar. Sobre esta decisão tenho dito que a pessoa não pode escolher onde nasce, mas pode escolher o local para viver. Eu escolhi morar em Parnaíba depois de rodar um pouco por nosso estado. Por onde passei minha conduta foi registrada como sendo ordeira e respeitosa. Não cabe a mim o que tentaram imputar-me!
A Parnaíba também me acolheu muito bem! Sou grato aos cidadãos que me deram a honra de representá-los no mandato de vereador entre 2009 e 2012. Em contrapartida posso dizer que dei o melhor de mim no exercício legislativo. E, continuo focado na minha missão de retribuir o que tenho recebido.
A manifestação verbal ou escrita revela um pouco não somente dos nossos sentimentos, mas a nossa própria personalidade. Afinal somos o que expressamos, mas também o que fazemos. O que comumente ocorre é que algumas pessoas não conseguem fazer a conexão exata entre o discurso e a prática. Fala ou escreve uma coisa e tem postura espontaneamente avessa, contrária ao que expressa.
Desde muito jovem experimentei dificuldades. Nem por isso busquei os “atalhos” para chegar mais rápido ou facilitar a caminhada. Guardo comigo convicções que aprendi na dura jornada que me trouxe até aqui. Delas não arredo! Não sou subserviente, nem alienado. Tampouco vão tolher o meu sagrado direito de manifestação. Nada é tão nocivo para os povos do que farem-se por satisfeitos com meras palavras e aparências!
Acaso queiram compreender a verdadeira motivação dos meus artigos procurem saber o sentimento das pessoas que vivem longe das maquiadas avenidas São Sebastião e Pinheiro Machado. Não precisa se afastar muito do trecho nobre da cidade para comprovar que: em todo canto há seres invisíveis que formam a maioria das populações vulneráveis e empobrecidas desta cidade; pessoas que esperam um serviço de qualidade ou aguardam diálogo institucional em atendimento às mais diversificadas reivindicações comunitárias; condições precárias de funcionamento das unidades de saúde e de várias escolas; crianças e jovens sem perspectiva de futuro; usuários sendo submetidos a um sistema de transporte urbano alternativo e precário; a população obrigada a comer carne sem inspeção sanitária; enfim, está em voga em Parnaíba uma gestão que não promove o bem estar social! Ou não?!
O debate honesto sobre algum assunto pode levar a descobertas não feitas antes. A boa reflexão edifica e, muitas vezes, nos leva a pensar em muitas questões da vida.
Prefiro me sacrificar e ser crucificado por me posicionar contra os desmandos e improvisos da gestão local do que o conforto da omissão de tantos aqui... Permanecerei combatendo a forma adotada de gestar a cidade e de se fazer política como se fez e se faz até hoje. O lugar comum não é o meu!!!
(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.
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