A frente da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar) Sádia Castro imprime sua marca na gestão ambiental do Estado. A modernização dos processos com a gestão eletrônica de documentos; a implantação do Sistema Integrado de Gestão Ambiental e Recursos Hídricos (SIGA); a unificação do ordenamento das atividades licenciáveis em um único documento e o lançamento do novo site da Semar são ações que marcam o modo arrojado de Sádia Castro gerir, buscando equilibrar desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental, já, que, este órgão ambiental é a porta de entrada dos empreendimentos que impulsionam o desenvolvimento econômico do Piauí.
Jornalista, professora, pesquisadora com inserção internacional e dedicada ao tema do meio ambiente, o currículo de Sádia Castro a credencia para assumir o cargo que exerce. Estudou na Suécia, berço da gestão ambiental, que serve de referência para o mundo inteiro, participa de grupos de pesquisa internacionais e é qualificada pela Capes e CNPQ, entidades de fomento à pesquisa mais respeitada do país. Quando aceita o convite para ser secretária, traz consigo uma base teórica construída ao longo da sua história acadêmica. Ela falou um pouco do seu currículo:
“Venho há muito tempo nesse debate sobre questões ambientais, participando de eventos e de grupos de pesquisa internacionais. Já ministrei disciplina para programas fora do país, já fui convidada para trabalhar em universidades no exterior. Na minha instituição eu fui a pioneira: fui a primeira mestre, a primeira doutora, a primeira a sair do país para pós-graduação. Na época em que fui era bem mais difícil. Muitos desistiam”, conta.
Em um Estado em que a presença de mulheres na política ainda é minoria, as cobranças ao assumir o cargo de Secretária de Meio Ambiente e gerir este órgão tão estratégico para o desenvolvimento é ainda maior.
“O mundo não está acostumado com mulheres em espaços de decisão. Nem mesmo as mulheres. Já me perguntaram: Você é mulher de quem? Respondo que meu marido não é alguém conhecido. Sempre trabalhei, construí o meu nome. Sou de uma família de mulheres que sempre trabalharam. Os pontos de decisão na minha família sempre foram definidos por mulheres porque fui criada por mãe, por avó. No meu entorno, naturalmente, são as mulheres que se posicionam. Nem coloquei o sobrenome do meu marido porque o meu que é o que me marca, é a minha identidade: Sádia Castro”.
Se o fato de ser mulher influi nas atribuições que lhe são inerentes, ela responde que não. Sádia Castro acredita que competência não tem relação com gênero. Entretanto defende a maior participação das mulheres em outros espaços fora do ambiente doméstico.
“É histórica a predominância dos homens em espaços de gestão pública. Isso é percebido de várias maneiras quando, por exemplo, observamos as galerias de fotos nos órgãos públicos, de prefeitos, governadores, de presidentes do legislativo, do senado... Só vemos homens. E isso, mesmo na contemporaneidade, não mudou, apesar das mulheres serem maioria absoluta na população brasileira e no eleitorado, ainda somos minoria nos espaços públicos de decisão, somos a minoria como prefeitas, deputadas, vereadoras, a minoria nos cargos da gestão privada também. Avançamos? Sim. Basta observar a quantidade de mulheres que estão ascendendo em espaços de decisão no parlamento e no espaço privado, já tivemos uma presidente. Mas o caminho a trilhar ainda é longo”, destaca Sádia Castro.
Sádia Castro defende a paridade entre homens e mulheres em todos os espaços. “Há um olhar diferente quando a autoridade é mulher. Deparo-me com situações em que eu me pergunto: se fosse um homem de “paletó preto” será se seria diferente? Há um tratamento distinto quando a gestão é feita por mulher. Às vezes é abertamente. Às vezes é de forma subliminar. A maneira como você é abordada, e você sente isso de diversas formas: pelo tom de voz, pelo olhar, pelas palavras usadas, a forma de tratamento, várias coisas. Já demos alguns passos para frente nessa questão, mas ainda temos muito que avançar”, destaca a gestora.
Entretanto, transpor situações desafiadoras é uma característica da secretária. “Muitas mulheres, colocam a maternidade como a maior conquista da vida. Para mim, o dia mais importante da minha vida foi o dia que me doutorei porque foi algo que eu busquei e conquistei por mim mesma e naquela época era um grande desafio. Pouquíssimas pessoas conseguiam terminar”.
Na SEMAR, os cargos estratégicos estão nas mãos de mulheres. Ela são maioria nas direções, gerencias e coordenações. Perguntada se a contratação de mulheres para a gestão ambiental foi proposital, Sádia Castro, respondeu que foi uma feliz coincidência.
“Não. Não foi intencional colocar mulheres em cargos de decisão. Existem coisas acima do gênero: competência, qualificação, comprometimento e conhecimento são algumas delas. Quando eu convidei pessoas para dividirem comigo a gestão, busquei as que têm competência dentro de sua área. A sociedade precisa de todos os gêneros. O que não podemos é priorizar os homens no processo de gestão. Aqui na Semar, tenho homens e mulheres competentes. Trouxe essas pessoas comigo e encontrei outras aqui. Estamos conseguindo fazer um bom trabalho juntos. O que eu não concordo é que alguém não possa assumir determinada função porque é mulher. Esse embate entre homens e mulheres é o que não deve existir, defendo isso”.
O fato é que o trabalho das técnicas, que são maioria nos cargos de gestão na Semar, estão fazendo a diferença. O trabalho da área ambiental da secretaria de Meio Ambiente teve avanços consideráveis. Usuários e funcionários percebem a diferença. Sádia priorizou a qualificação do corpo funcional e melhorou os trâmites organizacionais. “Uni as forças e as inteligências da casa, mudamos de sede, estamos melhorando equipamentos. Conduzimos todos esses elementos para a melhoria dos serviços, aliando ainda melhorias ao regramento ambiental do Estado. Estamos criando o sistema de licenciamento online, aperfeiçoamos o site para facilitar a comunicação com o público. Todo esse trabalho tendo como norte o equilíbrio entre a economia e o desenvolvimento sustentável, a gestão política e a técnica”, finaliza a gestora.
Ascom
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