Quem quer mesmo lutar por uma educação de qualidade? (*)
O foco das manifestações foi o congelamento de R$ 5,8 bilhões previstos para a educação, sendo R$ 1,7 bilhão retirados das Universidades e Institutos Federais.
A causa é justa, mas parece que incompleta. Manter o orçamento vai garantir a qualidade perdida (historicamente)? Os recursos são necessários, mas incorporar a recuperação da qualidade do ensino a esta luta da manutenção do orçamento, me parece estratégico!
Olhares também se voltem para a nossa UESPI e às nossas escolas municipais que, ressalvados os esforços dos profissionais abnegados que fazem da profissão um sacerdócio, andam destroçadas e com baixíssimos indicadores do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).
Há muito que a qualidade do nosso ensino é ruim e, aliás, nos últimos anos piorou bastante! Não se pode ter um bom profissional saindo da universidade se este não tiver tido uma base educacional de qualidade.
Lutar mesmo por qualidade deve levar a todos nós a olhar para a educação infantil e o ensino básico, inicialmente, com reflexos continuados ao que é ofertado no ensino médio para daí ter o sucesso que deve ser a graduação e seus estudos complementares.
Mais de 65% dos nossos alunos no 5º ano da escola pública não sabem reconhecer um quadrado, um triângulo ou um círculo. Cerca de 60% não conseguem localizar informações explícitas numa história de conto de fadas ou em reportagens. Entre os maiores, no 9º ano, cerca de 90% não aprenderam a converter uma medida dada em metros para centímetros, e 88% não conseguem apontar a ideia principal de uma crônica ou de um poema.
Essas são algumas das habilidades mínimas esperadas nessas etapas da escola, que nossos estudantes não exibem. É o que mostram os resultados da última Prova Brasil, divulgados pelo governo federal. A prova avalia, a cada dois anos, o desempenho de alunos do 5º e do 9º ano em português e matemática. É usada para compor o principal indicador de qualidade da educação do país, o IDEB.
Manifestações deveriam está ocorrendo para que nossas escolas e universidades atinjam a premissa da construção do conhecimento, provocando um redimensionamento das suas práticas. Antes, devem-se extinguir as disputas políticas ideológicas. Essa ignóbil briga da direita contra a esquerda e vice-versa.
Concomitantemente, discutir a reforma do sistema. O nosso sistema educacional pauta-se numa avaliação em que classifica os alunos de maneira quantitativa, provando assim que os alunos são submetidos num mesmo patamar de ensino sem respeitar as diferenças e limitações de cada um, até porque a educação no momento atual já provou que não se nivela os alunos numa mesma dimensão de aprendizagem, pois cada um possui um ritmo e um modo de aprender, muitas vezes imposto pela condição socioeconômica.
(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.
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