A palidez e a superficialidade da política parnaibana! (*)
O ano de 2019 promete! Grande já é a movimentação do mundo político na Parnaíba. A fragilidade da (des)organização dos partidos políticos, os “donos” destes e a forma de controle do poder, além dos interesses pessoais e uma série de outras considerações levarão a cidade à uma verdadeira panaceia.
O Prefeito Mão Santa, certamente vai pleitear o segundo mandato, por direito. Concorrentes não lhe faltam. Há candidato que se inflama ao reconhecer “humildemente” que na cidade não tem ninguém mais preparado e mais dedicado à cidade do que ele para esta missão. Outros novos (nem tão novos assim) se arvoram a resolver todos os problemas da cidade. Será?!
Mas, o fato é que assistimos nas últimas três décadas, aqui em Parnaíba, a disputa às vezes camuflada, outras vezes escancarada, de um debate ignóbil. Os mandatários e os que operam a política com intenção de chegar ao poder municipal disputam espaço, com poucas exceções, demonstrando apego ao poder e usando estratégias nada convencionais para conseguirem o seu intento. No imaginário social, o discurso da “obediência em função da dependência”, é pregado de tal forma que a abordagem parece justificar a vida miserável dos indivíduos em nossa sociedade.
Em voga a arte da enganação. Politicagem que eles dominam muito bem!
Entre os que estão no poder, os que já passaram por lá e alguns que sonham com isso, novamente com poucas exceções, veem-se estilos que aparentam diferenças, mas que têm a mesma motivação (manter-se ou chegar ao poder). Usam as mesmas ferramentas: perseguem, usam o público como privado, mantêm subservientes com recursos públicos, afastam-se dos interesses coletivos. Tudo em nome do poder, do seu poder. Oligarcas, ditadores e pouco afeitos à transparência, participação e controle social, eles vão se dando bem na vida. Muitos (até profissionais qualificados) que abandonaram suas vestes para se tornarem políticos profissionais.
O sociólogo alemão Max Weber em 1919, portanto há quase cem anos, já diferenciava dois tipos essenciais de políticos: os que vivem para a política e os que vivem da política. O que vive da política é aquele que possui recursos materiais para a sua subsistência provinda da própria atividade política. Já o político que vive para a política representaria o tipo ideal no âmbito de atributos do político vocacionado, pois sua independência diante da remuneração própria da atividade política significa, também, uma independência de seus objetivos no decorrer da vida pública.
A hora exige uma reflexão apurada disso tudo! Visto que somente uma casta se perpetua no poder. Num poder intocável, inquestionável, imutável, e pôr isso mesmo inócuo. É interessante perceber (pense nisso) que há um pacto entre essa própria casta, onde mesmo existindo “inimigos” (conforme a conveniência, pois em dado momento esquecem as brigas, acusações, etc) eles fazem um acordo de não permitir que ninguém mais entre no elitizado processo político. Criam, com muita competência, o dogma da sujeira, elaborando no imaginário social, a ideia de que o espaço político não deve ser destinado ao cidadão digno. Ouvimos constantemente frases famosas, como: “Não acredito que o Fulano vá se meter em política, uma pessoa de bem, isto é coisa para bandido”.
Essa “tática” de tentar afastar as pessoas de bem desse espaço, banalizando a ação política, não tem mais lugar, está ultrapassada. Pois, de um lado, o sistema começa a ruir devido à incompetência dos maus políticos, que só pensaram em interesses próprios; e do outro, experimentamos avanços nas conquistas sociais, onde o cidadão inicia, ainda que de forma tímida, a questionar e a se interessar pelas questões que afligem toda a sociedade, exigindo uma política diferente do que aí está.
Há, necessariamente, que existir num domínio racional-jurídico: administrador e administrados; e não dominador e dominados.
A palidez e a superficialidade com que alguns olham a política assustam! Porém, tudo parece justificado, pois tem a sua razão de ser: antes, existe o interesse pessoal! A mudança que Parnaíba precisa não é a mudança de cabeça de uma pessoa, um salvador da pátria, é preciso que se tenha uma junção de ideias, um projeto! Precisamos de alguém com nova energia que, inclusive, reúna em torno de si outras pessoas com o mesmo foco: pensar o município com responsabilidade coletiva, com decência.
Será bom para a cidade ter um gestor que compreenda a missão de servir, que perceba a honra e o extraordinário privilégio que é administrar em favor das pessoas, contribuindo para o bem estar social da grande maioria desassistida historicamente. Quiçá 2020 nos brinde com a verdadeira mudança!
(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.
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