ARTIGO*
Mais uma vez, o ataque de um grupo extremista chocou o mundo. Desta vez, centenas de vítimas inocentes foram mortas e feridas em Paris, na França. No dia seguinte ao ocorrido, o grupo denominado Estado Islâmico reivindicou a autoria do atentado. Entretanto, ouso dizer que o Estado Islâmico não é um Estado e muito menos é Islâmico.
Aos que não conhecem, o Islamismo é uma religião monoteísta, ou seja, que acredita na existência de um único Deus. Seus princípios são fundamentados nos ensinamentos de Mohammed, ou Muhammad, chamado pelos ocidentais de Maomé. O islamismo é uma religião como o catolicismo, o judaísmo, o espiritismo e outras tantas; e seja nas religiões, na política, no futebol e em outras áreas há grupos extremistas, então, não podemos cometer o erro de generalizar e dizer que todo islamista é extremista.
Diariamente, e infelizmente, o Estado Islâmico aparece nos principais jornais do mundo. Não só pelos assassinatos brutais de civis, por vezes filmados e publicados na internet, mas também pelo recrutamento de pessoas e pelo treinamento militar de crianças, que se tornam guerrilheiras do grupo. Seriam, então, psicopatas? Talvez.
O autoproclamado Estado Islâmico não é um simples grupo de psicopatas. Eles acreditam ser o agente do apocalipse que, supostamente, se aproxima. Infelizmente, não se sabe ao certo quem eles são. Bin Laden, um outro extremista, por exemplo, encarava o seu terrorismo como conjunto de princípios seguidos por chefes políticos e religiosos após a morte de Maomé. A sua organização era flexível e operava como uma rede geograficamente dispersa. Mas, ao contrário de Bin Laden, o Estado Islâmico precisa de território para se legitimar e de uma estrutura hierarquizada que o governe.
Extremistas são perigosos e esta conclusão não é de hoje. Há casos de extremistas e as marcas de suas consequências em toda a história da humanidade. Temos como exemplo de atitudes extremistas a caça às bruxas, a guerra fria, o nazismo, etc. Na história mais recente, não esqueceremos o 11 de setembro ou o ataque ao jornal francês Charlie Hebdo.
A verdade é que o extremismo limita a liberdade, impede o diálogo e o discernimento, resultando em violência física e até simbólica. E há muito dinheiro envolvido nisso, afinal, não há como manter associações assim sem financiamento. Além de doadores, grupos extremistas se mantém da venda de petróleo, extorsões, roubos, vendas de drogas e sequestros. Apenas com este último, a ONU destaca a rentabilidade e estima que grupos terroristas tenham arrecadado US$ 120 milhões em pagamentos de resgate entre 2004 e 2012.
O extremismo tem a capacidade de colocar tudo a perder, oferecendo risco ao equilíbrio entre a liberdade e os direitos fundamentais. É algo trágico que destrói tudo aquilo que pretende afirmar ao agir de forma radical, resultando na perda de credibilidade e causando medo e repúdio dos demais.
Janguiê Diniz – Mestre e Doutor em Direito – Reitor da UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau – Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional
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