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Vésperas do depoimento do homem-bomba Paulo Roberto Costa na Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) da Petrobras, os três principais candidatos ao Palácio do Planalto — Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) — voltaram a mencionar os escândalos que assolam a principal empresa do país. Os dois candidatos de oposição acusaram o governo de destruir a estatal, enquanto Dilma diz que tudo está sendo investigado e nenhum órgão está imune aos malfeitos. Para complicar ainda mais o meio-campo, o líder do MST, Pedro Stédile, prometeu, em evento ao lado do ex-presidente Lula na frente da Petrobras, no Rio, uma onda de invasões de fazendas caso Marina seja eleita.
Enquanto os presidenciáveis se digladiam, oposicionistas e governistas aguardam tensos o depoimento de Paulo Roberto, marcado para amanhã. O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, se reuniu ontem com integrantes da CPI mista para definir a estratégia de atuação caso Paulo Roberto resolva de fato dizer o que sabe sobre as denúncias de corrupção na Petrobras. “Está todo mundo angustiado, porque ninguém sabe, ao certo, o que ele falou ao Ministério Público e o que ele poderá falar diante dos deputados e senadores”, disse um aliado da presidente Dilma. Ele também tem direito a ficar calado.
Até o momento, todas as expectativas governistas acabaram frustradas. O Planalto, que respirou aliviado porque não surgiram novas denúncias de Paulo Roberto ao longo do fim de semana, torcia para que a Justiça não permitisse a ida do ex-diretor à CPI. Mas a autorização foi concedida pelo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Fernando Moro. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) já tinha dito que não cabe ao Judiciário interferir nas convocações de suspeitos e testemunhas em comissões de inquérito.
Em despacho assinado na segunda-feira (15), Moro afirma que Paulo Roberto precisará ser escoltado pela Polícia Federal, se possível até dentro do Congresso. Mas o juiz afirmou que “deve ser evitada a utilização de algemas na apresentação” do réu porque ele não é acusado de crimes violentos.
Moro destacou que Paulo Roberto tem o direito de permanecer em silêncio e ser auxiliado por um advogado. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e investigadores ouvidos pelo Correio defendem que os depoimentos do ex-diretor da Petrobras não sejam repassados à CPI para não atrapalhar a apuração. A ida dele à CPI também não agrada aos policiais e procuradores.
Para que Paulo Roberto não atrapalhe as investigações do MP, o que, na opinião dos parlamentares de oposição só beneficia o governo, integrantes da CPI mista da Petrobras estudam a possibilidade de fazer uma sessão a portas fechadas. “O ideal seria uma reunião aberta, mas resta saber se o ex-diretor vai pedir que seja fechada”, afirmou o líder do PPS na Câmara, o deputado Rubens Bueno (PR). “O que nós queremos é que seja público, mas é um direito dele decidir se quer falar a todos”, disse.
Avaliação
Os parlamentares têm esperança de que o ex-diretor colabore com as investigações da comissão mista. “Vamos ter a esperança de que ele esteja disposto a falar porque a fala dele vai ajudar o país a avançar na investigação de um esquema de corrupção”, completou Bueno. Para o líder do DEM no Senado, Agripino Maia (RN), os integrantes da comissão devem se reunir hoje, antes da sessão marcada para as 14h, para decidir se limitam a sessão exclusivamente a parlamentares.
O governo ainda não tem claro o que pode causar mais estragos. Se a sessão for fechada, Paulo Roberto poderá dizer o que quiser e os parlamentares vazarem o que bem entenderem. Por outro lado, em uma sessão normal, televisionada e com o ex-diretor querendo contar “qualquer coisa para sair da prisão”, segundo palavras de governistas, o risco também é exponencial. “Estamos a 20 dias das eleições, é muito pouco tempo para desmentir qualquer boato”, disse um assessor palaciano.
O IMPARCIAL/CORREIO
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