Expedição financiada pelo CNPq descobre fóssil de tatu gigante
Imagem Globo Extra
Fósseis de uma espécie de tatu gigante, que habitou a região onde hoje é o estado de Tocantins no fim da Era do Gelo, entre 15 mil e 20 mil anos atrás, foram descobertas no final do mês passado por pesquisadores de várias universidades liderados por Leonardo Ávila, do Laboratório de Mastozoologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
Os fósseis do crânio e de placas que revestem o corpo do animal foram encontradas em uma caverna. A estimativa é de que o tatu pesava cerca de 80 quilos e media 2,5 metros. Segundo Ávilla, ainda é cedo para dizer se o tatu gigante é uma nova espécie. Outros com este tamanho - alguns até maiores - foram descobertos em Minas Gerais ainda no século 19 e, mais tarde, na Argentina. Veio de lá, aliás, seu nome de batismo: Pampatherium,que significa “a besta dos pampas”.
O tatu gigante dá um impulso à paleontologia no Tocantins, onde foram localizadas, nos últimos anos, centenas de cavernas com alto potencial para a descoberta de fósseis. Ávilla fez sua primeira expedição em 2008 e, com o financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), retornou duas vezes à região, em 2011 e no mês passado.
Predador - Como nem tudo muda, os tatus de hoje e os antigos tinham em seu encalço a onça como predador. A hipótese é que um desses felinos teria sido o responsável por arrastar o Pampatherium para dentro da caverna para se alimentar. Mas Ávila diz haver também outra possibilidade. “Encontramos no mesmo local os fósseis de um urso, que teria cerca de 3 metros de altura”. Ele conta que “as cavernas eram muito disputadas pelos predadores, porque ali poderiam criar seus filhotes, além de se alimentar com mais calma”.
Com os vestígios da espécie coletados, a equipe da Unirio espera conhecer mais sobre as condições climáticas da região. O Centro-Oeste seria frio e seco, proporcionando a existência de uma fauna totalmente diversa da atual. Aos tatus gigantes, que pastava o dia inteiro pelo campo, faziam companhia uma antecessora da lhama - hoje só encontrada nos Andes - e a macrauquênia, que lembra um camelo com uma pequena tromba. Todos foram extintos com o aumento da temperatura e da umidade, à exceção das onças.
“A análise dos isótopos dos fósseis nos dará uma noção de qual era a temperatura daquela época”, diz Ávilla. Ele explica que os grandes herbívoros não conseguiram se adaptar ao novo ambiente, e o urso, que se alimentava deles, também desapareceu. As onças sobreviveram por terem muito mais presas, do jacaré a pequenos roedores.
Assessoria de Comunicação Social do CNPq
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