04/04/2011

COISA PÚBLICA

O sucateamento dos hospitais

*Zózimo Tavares
Ilustração da matéria PC

Volto à questão dos hospitais públicos do interior do Piauí, que, em sua esmagadora maioria, se encontram sucateados. Nos dias 24, 25 e 26 de março, representantes do Sindicato dos Médicos do Piauí, Associação Piauiense de Medicina e Conselho Regional de Medicina estiveram no município de São Raimundo Nonato para promover a 3ª. Jornada das Entidades Médicas daquela cidade.

Em visita ao Hospital Regional, foi constatada uma série de problemas que comprometem o bom funcionamento da saúde na região. O hospital atende a 18 municípios da região, com um número reduzido de profissionais e sem uma estrutura mínima, contando com apenas 54 leitos, dos quais 12 são destinados a obstetrícia, número insuficiente, já que são realizadas cerca de 40 cesarianas por mês.

O hospital não possui Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e dispõe de apenas dois centros cirúrgicos para a realização de cirurgias gerais e cesarianas. Para cuidar da saúde das crianças, existe apenas um pediatra, que atende durante dois dias na semana. No entanto, não existe berçário, nem UTI neonatal.

Faltam profissionais de especialidades básicas, como anestesiologistas, cardiologistas, ortopedistas, cirurgiões, nutricionistas, enfermeiros, dentre outros. A rede de atendimento básico está sobrecarregada e o Hospital Regional está sucateado.

A falta de um médico legista na cidade sobrecarrega ainda mais os médicos plantonistas que precisam atender os pacientes internados, as urgências e emergências e emitir laudos periciais sem possuir perfeição técnica para tal já que não são legistas, acumulando as funções de plantonistas e legistas.

Na cidade Picos, o Hospital Regional Justino Luz também se encontra em situação crítica. Cerca de 500 mil pacientes dependem deste hospital, que atende à macrorregião de Picos, segundo maior pólo de saúde do Estado. No entanto, não há UTI neonatal, a maternidade funciona junto com o pronto-socorro e o ambulatório divide espaço com a Urgência e Emergência.

O número reduzido de médicos é outro grave problema. Com uma equipe diária de no máximo três médicos, os profissionais tem que realizar o atendimento inicial - triagem, verificar as intercorrências da enfermaria e realizar partos e cirurgias gerais, sendo que são necessários, no mínimo, dois médicos para uma intervenção cirúrgica. Dessa forma, algum setor ficará desfalcado quando o médico estiver realizando algum procedimento no centro cirúrgico.
Eis, pois, a situação dos hospitais de alguns dos principais municípios do interior.

*Zózimo Tavares é editor chefe do Diário do Povo

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