10/12/2010

MUNDO DA NOTÍCIA

Para diplomacia dos EUA, Dilma planejou assaltos durante a ditadura



Wikileaks
A diplomacia dos Estados Unidos afirmou em telegrama confidencial de 2005 que Dilma Rousseff, então recém-nomeada para a Casa Civil, "organizou três assaltos a bancos" e "planejou o legendário assalto popularmente conhecido como 'roubo ao cofre do Adhemar' " na ditadura.
O telegrama faz parte de um lote de nove documentos obtidos pela ONG WikiLeaks aos quais a Folha teve acesso. Não há nenhuma menção à fonte da informação a respeito da atuação atribuída à presidente eleita.
Dilma nega ter participado de ações armadas quando militou em organizações de esquerda, nos anos 60.

Após votação, Dilma saúda eleitores em Porto Alegre
Nabor Goulart/AP

O processo sobre ela na Justiça Militar descreve de forma diferente sua atuação: "Chefiou greves, assessorou assaltos a bancos". Não é acusada de "organizar" ou "planejar" assaltos. Ela foi condenada por subversão.
O embaixador dos EUA em Brasília, Thomas Shannon, disse à Folha: "O governo dos EUA não tem informação que confirme essas alegações. Ao contrário, nós temos uma longa e positiva relação com a presidente eleita".
                                    Imagem reprodução

Esse telegrama, redigido em 2005 pelo então embaixador americano no Brasil, John Danilovich, já havia sido obtido em 2008 pelo jornal "Valor Econômico". Na época, ainda não era certa a candidatura de Dilma.
No conjunto de papéis que vazaram agora, há especulações sobre a personalidade da petista, as chances de ser eleita e sua saúde.
No caso das ações armadas, há coincidência entre o que está no telegrama dos EUA e um trecho do livro "Mulheres que Foram à Luta Armada", do jornalista Luiz Maklouf Carvalho (1998).
Não há até hoje, entretanto, evidências concretas sobre a participação de Dilma em ações armadas.
Em 2009, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, elogiou os relatos: "Gostei muito dos telegramas da embaixada que contêm perfis alentados sobre os candidatos a presidente em 2010 e sobre suas estratégias".
Dilma participa de ato no Sindicato dos Bancários em Brasilia - 27.10.2010
Celso Junior/AE

Hillary chama o sistema político brasileiro de "bizantino". E faz recomendações para futuros despachos:
"Nós damos especial valor a informações sobre como são os estilos de operação desses líderes, seus comportamentos, motivações, pontos fortes e fracos, relacionamento com seus superiores, sensibilidades, visões de mundo, hobbies e proficiência em línguas estrangeiras."
Os detalhes já aparecem nos despachos sobre Dilma desde 2005. "Ela gosta de cinema e de música clássica. Perdeu peso recentemente, de acordo com relatos, depois de ter adotado a mesma dieta do presidente Lula."                                             Reprodução

Há elogios a Dilma, vista como "competente" por empresas dos EUA, que "a louvam por sua paciência para ouvir e responder". E um alerta: "Ela tem uma fama de ser teimosa, uma negociadora dura e detalhista".
O câncer linfático descoberto por Dilma em 2009 foi acompanhado pelos EUA. "Numa reunião em 18 de junho, com um visitante de Washington, Rousseff aparentava estar bem, com cor natural e maquiagem leve."
O senador Tião Viana (PT-AC) disse aos americanos que "as alternativas mais prováveis", caso Dilma não fosse candidata, eram Antonio Palocci e Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula --nunca visto como opção.

Folha de São Paulo

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