13/12/2010

DEU NA FOLHA DE SÃO PAULO

Para ter Ciro, Dilma admite até entregar Saúde a ele

Marcelo Justo

A cúpula do PSB não digeriu bem a ideia de Dilma Rousseff de atrair Ciro Gomes para o seu ministério.

O partido tenta converter Ciro em ministro da “cota pessoal” de Dilma, não da cota da legenda.

Ciro já foi convidado para retornar ao Ministério da Integração Nacional, que ocupou entre 2003 e 2006.

Além disso, Dilma admitiu, em privado: para ter Ciro em sua equipe, não exclui a hipótese de confiar-lhe a estratégica pasta da Saúde.  

O PSB indicara para a Integração Nacional outro nome, da confiança do governador pernambucano Eduardo Campos, presidente da legenda.

Chama-se Fernando Bezerra. Integra o secretariado de Campos. Responde pela Secretaria de Desenvolvimento de Pernambuco.

Em meio aos narizes torcidos de seu partido, Ciro pediu tempo para responder aos acenos de Dilma. Ele está na Europa. Volta na quarta (15).

A indefinição converteu o PSB de “queridinho” de Dilma em foco de lamentações.

Antes, dizia-se que a legenda de Campos, mercê da lealdade ao governo e do crescimento nas urnas, seria “premiada” na composição do ministério.

Embalada, a caciquia do PSB reunira-se, há três semanas, em Pernambuco. Sob a coordenação de Campos, definiram-se os “ministeriáveis” da legenda.

Além de Fernando Bezerra para a Integração, apontou-se o deputado Márcio França (PSB-SP) para o Ministério do Turismo. Nada de Ciro.

Como concessão a Ciro, o partido cogitava apenas manter Pedro Brito, ligado a ele, na Secretaria Nacional de Portos.

Súbito, a pasta do Turismo, que o PSB imaginava receber como compensação pela perda da Ciência e Tecnologia para o PT, foi à cota do PMDB.

Márcio França passou a ser apontado, então, como nome do PSB para a secretaria de Portos. Sobreveio novo contratempo.

Dilma e seus operadores petistas levaram o pé atrás em relação a França. A equipe de transição pôs sobre a mesa o nome de outro deputado: Beto Albuquerque (PSB-RS).

A direção do PSB não faz restrições a Albuquerque, parlamentar de ótimo nível. O problema é que a bancada de deputados do partido prefere França.

Para complicar, Dilma saiu-se com o nome de Ciro. Acomodando-o na Integração Nacional, como prefere, obrigaria Eduardo Campos a deslocar o pupilo Fernando Bezerra para os Portos.

Planeja-se vitaminar a secretaria, atribuindo-lhe também a gestão dos aeroportos do país.

Nesse caso, França e Albuquerque ficariam, como se diz, chupando o dedo. A irritação do PSB ganhou as nuvens.

Aos olhos das principais lideranças, Campos incluído, Ciro joga para si, não para o partido. Mais: dissera que não tinha interesse em participar do governo Dilma.

É contra esse pano de fundo conturbado que Dilma mencionou, como cogitação, a ideia de acomodar Ciro na pasta da Saúde, ainda não preenchida.

Afora as dúvidas novas –Onde alocar Ciro?, Ele vai aceitar? Que fazer com França e Albuquerque?— Dilma e o PSB lidam com uma interrogação velha.

Não se sabe, por ora, o que fazer com o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE).

Dilma quer nomear Valadares ministro para levar ao Senado o suplente dele: José Eduardo Dutra, presidente nacional do PT.

No plano de Dilma, Valadares iria à nova pasta das Micro e Pequenas empresas. Posto que o senador ainda não exibiu a intenção de aceitar.

Sob a atmosfera de lufa-lufa, Lula viaja nesta segunda (13) para o Ceará. Será recepcionado pelo governador Cid Gomes (PSB), irmão de Ciro. 

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